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quarta-feira, 14 de abril de 2010

A 14 de Abril de 1909, nasceu Soeiro Pereira Gomes, escritor português.


Joaquim Soeiro Pereira Gomes nasceu em 1909 na aldeia de Gestaçô, concelho de Baião, no seio de uma família de pequenos agricultores do Douro. Aprendeu a ler com o pai no «Primeiro de Janeiro», ainda antes de entrar na escola primária. Mais tarde vai para a Escola Agrícola de Coimbra, onde tira o curso de regente.
Em 1930, assina um contrato com a Companhia da Catumbela e embarca para Angola. Em 1931, regressa a Portugal insatisfeito com a experiência, quer pelas condições de trabalho quer pelos rigores do clima.
Nesse ano casa com Manuela Câncio Reis, fixa residência em Alhandra e emprega-se no escritório da fábrica «Cimento Tejo».
No final dos anos 30, Soeiro Pereira Gomes adere ao PCP, ingressa na célula da empresa e pouco depois integra o Comité Local de Alhandra, participando activamente na vasta acção cultural impulsionada pelo Partido em todo o Baixo Ribatejo, em articulação com o trabalho clandestino da organização.
Pioneiro do movimento neo-realista cuja consolidação se acentua a partir de 1939, Soeiro Pereira Gomes colabora nos jornais «Sol Nascente» e «O Diabo». Na sua casa juntam-se, entre outros, Alexandre Cabral, Sidónio Muralha e Alves Redol.
Soeiro organizou ainda cursos de ginástica para os operários da «Cimento Tejo», ajudou a criar bibliotecas populares nas sociedades recreativas e deu corpo ao projecto de construção de uma piscina (a «charca») para o povo de Alhandra, onde se forjaria uma figura ímpar da natação portuguesa, o comunista Baptista Pereira (a personagem Ginêto dos «Esteiros»).
Juntamente com Alves Redol e Dias Lourenço, promoveu e animou inúmeras excursões de fragata no Tejo, onde, a pretexto da confraternização, se aglutinavam intelectuais e se estabelecia o contacto político fora da vista do fascismo. A fragata e a bateira transformaram-se então em verdadeiras casas de apoio ao trabalho conspirativo, nas duras condições de luta clandestina.
Entre 1940 e 1942, Soeiro Pereira Gomes participa na reoganização do PCP e passa a fazer parte do Comité Regional do Ribatejo, que integrava Dias Lourenço e Carlos Pato.
Em Novembro de 1941, é publicado «Esteiros» pela editora Sírius com ilustrações de Álvaro Cunhal, obra que foca aspectos fundamentais da transformação da sociedade portuguesa da época.
O ano de 1941 é também marcado pela passagem de um devastador ciclone, em cujas operações de salvamento Soeiro se empenhou intensamente.
Entretanto, o regime salarazista tudo fazia para impedir o conhecimento dos crimes do holocausto nazi: as tabernas, os cafés e outros lugares públicos estavam proibidos de ligar os aparelhos de rádio à BBC à hora das emissões em língua portuguesa. Por isso, Soeiro Pereira Gomes, residente numa pequena moradia de um só piso, abria a janela da sala em que tinha a telefonia para que muitos populares pudessem escutar disfarçadamente as informações de Londres sobre a evolução da II Guerra Mundial.
Em 1944, Soeiro começa a escrever «Engrenagem», livro que não terá tempo de concluir, dado o rumo que a sua vida tomaria a partir de então.
Nas greves de 8 e 9 de Maio desse ano, Soeiro encontrava-se no seio dos trabalhadores em luta, como membro do Comité Regional da Greve do Baixo Ribatejo. A Pide teve conhecimento prévio do movimento grevista e começa a preparar uma cilada a Soeiro. Este vence a situação, mergulhando na clandestinidade na tarde de 11 de Maio de 1944.
É-lhe então confiada a Direcção Regional do Alto Ribatejo, entretanto criada, e onde ainda hoje a sua influência é recordada no alargamento da organização do Partido.
Acabada a II Guerra Mundial, o PCP realiza o seu IV Congresso na Lousã, em Julho de 1946, sendo Soeiro Pereira Gomes eleito para o Comité Central. Em Agosto elabora um «esboço sobre a maneira como utilizar as praças de jornas ou praças de trabalho no Movimento de Unidade Camponesa para o derrubamento do fascismo» e, pouco depois, é destacado para o Sector de Lisboa, onde se torna membro da Comissão Executiva do Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista (MUNAF), ao mesmo tempo que acompanha a actividade dos camaradas que actuavam no Movimento de Unidade Democrática (MUD).
Soeiro era elemento de ligação do Partido com o Conselho Nacional de Unidade Anti-Fascista quando adoece gravemente. Ainda participa no início da campanha presidencial de Norton de Matos em 1949, mas a doença progride minando-lhe a resistência física. 

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