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terça-feira, 6 de abril de 2010

As eleiçoes de 1958 e Humberto Delgado

O sobressalto político de 1958

Recepção a Humberto Delgado, Porto, 1958
Nos anos 50, Salazar conduz uma política de equilíbrio entre as tendências direitistas e conservadoras do regime, que se opunham a qualquer mudança da ordem e dos valores tradicionais e um sector liberalizante, que pretende a reforma do regime dentro da ordem estabelecida e sem convulsões.
A oposição, enfraquecida depois da repressão dos finais dos anos 40, acredita na possibilidade de uma transição pacífica do regime. A oposição moderada começava a atrair descontentes com o regime de diferentes áreas, desde os militares, os monárquicos e católicos.
Em 1957, com as eleições legislativas, a tensão interna cresce. Quando se a próxima as eleições presidenciais de 1958, o marcelismo tinha adquirido maior força. A aproximação de Marcello Caetano ao presidente da República e a opinião corrente de que este poderia não querer Salazar na presidência do Conselho, descontenta os salazaristas, que não o querem ver reeleito, apresentando como candidato o almirante Américo Tomás.
Humberto Delgado, militar português da Força Aérea, foi escolhido pela oposição o novo candidato. Mais tarde, Humberto Delgado é demitido das funções e acaba por se exilar no Brasil, de onde conduzirá uma acção conspirativa. A eleição presidencial não será mais por sufrágio directo, mas indirecto, por um colégio eleitoral.
Em 1958 e 1962 assiste-se a uma radicalização das oposições e a crise aumenta. Pouco depois, vários católicos são processados por terem assinado uma carta contra as violências da polícia politica.
Em 1961, a agitação aumenta, marcada por greves e incidentes graves: o assalto ao navio Santa Maria, que visaria iniciar um levantamento a partir de Angola, teve um grande impacto internacional; as altas esferas militares, entre as quais o ministro da defesa preparam um golpe militar, que Salazar consegue impedir. Nas eleições legislativas, a campanha desencadeada pela oposição é seguida por manifestações que denunciam a frase eleitoral.
Em 1962, a contestação continuou.
Soldados portugueses em Goa, 1961
A questão colonial

A questão colonial colocava-se sob novas perspectivas. Na sequência dos vários incidentes que ocorriam deste os anos 50 e da formação de organizações independentistas, a situação tende a tornar-se crítica nas colónias. Em 1961, o exército português rende-se depois do ataque da União Indiana. Portugal, apesar de ter mudado a designação de colónias para Províncias Ultramarinas e a de Império para Ultramar, enfrenta novos desafios, desde que a candidatura portuguesa à ONU fora aceite, e um isolamento crescente no plano internacional. A nível nacional, há manifestações a favor da independência, mas a questão não era pacífica. A questão colonial transformava-se na guerra colonial.

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