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domingo, 23 de maio de 2010

A 24 de Maio de 1819, nasceu a Rainha Vitória

Alexandrina Vitória
(24 de Maio de 1819 – 22 de Janeiro de 1901)


VIDA PESSOAL E OBRAS - A Rainha Vitória de Inglaterra era filha do duque de Kent (quarto filho do Rei Jorge III) e quando ainda criança faleceu-lhe o pai, ficando a viver com a sua mãe, também Vitória de seu nome, no Palácio de Kensington, na companhia da sua governanta e educadora alemã baronesa de Lehzen. Ao morrer seu avô e antes de ter sido nomeada aos 11 anos de idade como herdeira ao trono, viu falecer os seus tios e reis Jorge IV e Guilherme IV, sendo coroada Rainha aos 18 anos, em 1837, vindo a concretizar um reinado dos mais longos da História da Inglaterra.
Decorreu na sua real governação, superintendida pelo seu primeiro-ministro Benjamin Disraeli (segunda metade do séc. XIX), o grande apogeu económico da Inglaterra, com a burguesia britânica a ter uma capitação fiduciária de enormíssima riqueza, nos sectores comercial e industrial, em comparação com as congéneres europeias suas concorrentes. Foi denominada Época Vitoriana a este reinado, onde também se salientou um enraizamento profundo entre a monarquia e o povo, enquadrado por regras morais fortemente conservadoras, tendo-se espelhado no professado puritanismo da média e grande burguesia britânica, sob o elogio manifesto e reiterado da Igreja Anglicana. O longo período de vida da Rainha Vitória foi marcante em três aspectos: 1.º - Reforma parlamentar com a ratificação do voto universal – direitos e liberdades na democratização política encetada, envolvendo também os Irlandeses. 2.º - Permitiu a influência da burguesia nos ajustamentos à monarquia constitucional, constatando-se êxitos económicos e políticos advindos das vitórias militares nas colónias, abrindo com isso novos mercados de matérias-primas para a desenvolvida e produtiva indústria inglesa, fazendo, em suma, com que o povo aceitasse plenamente o regime institucional da realeza. 3.º - O cariz conservador e puritanista do "vitorianismo" foi indiscutível e pode dizer-se que o povo arraigou e aplaudiu a vivência ético-comportamental vinda das classes possidentes, vendo na vida familiar exemplar de Vitória com o príncipe consorte Alberto uma imagem de radiosa felicidade.
A Rainha não apoiava abertamente os ministros liberais, tanto do primeiro-ministro Lorde Melbourne (que a acompanhou nos primeiros anos de reinado e que muito a instruiu sobre a governação que o Estado imperial precisava), como com Disraeli foi sempre renitente a certas medidas excessivamente burguesas e economicistas, mas não deixou de defender a política externa de colaboração às posições da Prússia e Áustria contra a Rússia e, depois do esmagamento do levantamento dos sipaios na Índia (1858), aprovou a suspensão da Companhia das Índias e assinou o decreto que instituiu o cargo de vice-rei britânico para esta poderosa colónia indostânica, tendo tido Disraeli a iniciativa de agraciar a puritana Rainha com o título de Imperatriz das Índias (1877), que a deixou imensamente orgulhosa. Não se pode olvidar o 50.º aniversário da subida ao trono da Rainha Vitória (1887), promovendo-se a realização de uma festa da arromba por toda a Inglaterra, considerada por toda a Imprensa europeia da altura de uma magnificência e entusiasmo popular assinaláveis… Neste mesmo ano, o Governo inglês decretou a protecção das marcas de fábrica, as mundialmente conhecidas «made in …», como anos antes o nosso mais antigo aliado tinha aprovado a colocação do Cabo Submarino de Telecomunicações Londres – Lisboa (1870).
VIDA AMOROSA – A jovem Vitória apresentava uma figura romântica, charmosa e embora medisse só 1,53 m ("todo o mundo cresce, menos eu"…, lamentava-se ela) não se coibia de comer em excesso, o que a punha bem anafadinha e com energia inesgotável para estar sempre a convidar os seus primos para as brincadeiras que a deixavam esgotada de tanto dançar e divertir-se nos extensos jardins de Kensington. Teve muitos pretendentes e contava às amigas que tinha uma paixoneta pelo alto e impetuoso grão-duque Alexandre, herdeiro do trono da Rússia. Sabe-se que ela ouvia muito o primeiro-ministro de então, Lorde Melbourne, um homem galanteador e sofisticado, que sendo mais velho uns 40 anos dava-lhe conselhos e a orientava como desempenhar o seu papel público, e juntos muito "fofocavam" na sala de estar do Castelo de Windsor, sobre tudo o que se passava na vida londrina. Mas se tinha uma queda para homens altos e fortes, isso não a fez decidir sobremaneira na sua escolha final: como Rainha que já era, propôs para seu noivo e consorte o seu primo Alberto, da mesma idade, um jovem principezinho alemão com ares de pureza e de franca gentileza que a deixaram profundamente sensibilizada. Vitória bem expressou os sentimentos que lhe inundavam o coração com os seus abraços ardorosos e entregando-lhe cartas apaixonadas. Casaram-se em 1840 e Alberto sempre lhe ouviu dizer que "eu sou a soberana", colocando-o na sua posição de marido de Rainha, de certa forma a um nível inferior ao da governanta baronesa de Lehzen… Foi-lhe também, na época, atribuída a frase: "Fechar os olhos e pensar na Inglaterra", mas ela no seu puritanismo vitoriano não se desligava das delícias do leito conjugal, pois foi mãe de nove filhos, contrariando deste modo os seus escritos pessoais de que a gravidez era como o assumir da escravidão sexual da mulher em relação ao homem… apesar de chamar a Alberto "de meu anjo", adorá-lo efusivamente e presenteá-lo com pinturas de nus artísticos. Seria realmente Vitória uma verdadeira vitoriana ou houve aqui alguma hipocrisia?! Dúvidas razoáveis não se deixam ainda hoje de colocar. Os dois eram loucos por música, montanhismo e vida familiar…, e qualquer deles era ciumento e possessivo de tal forma que os seus filhos não deixaram de registar boas histórias sobre essas condutas exacerbadas… a Rainha não gostava de receber nas suas instalações reais mulheres atraentes, mesmo amigas dos filhos, que pudessem seduzir o seu marido. Alberto cumpriu o seu papel público, patrocinando também e sem esforço muito desse clima de puritanismo vitoriano, em que a sociedade da altura se via enredada, fazendo com que a piedade e a pudicícia imperassem.
Após a morte súbita de Alberto (1861), aos 42 anos, Vitória aparecia nas cerimónias públicas com um ar assustadoramente melancólico e apático, tendo contado a sua filha Vick, que a rainha se deitava com uma camisa de dormir de Alberto ao lado e com uma mão de cera igual à do marido junto à sua cara gorducha, na almofada onde acabava por adormecer. Como não quis casar outra vez, tempos depois a Rainha arranjou algumas diversões. Uma delas – e mais prosaica - acontecia com um criado escocês, John Brown, homem entroncado e grosseiro, que pela familiaridade concedida pela Rainha a tratava por "Mulher" e como se encontrassem num pavilhão do jardim, onde não faltavam garrafas de uísque entre vasos de flores bem cheirosas, o seu filho Eduardo (futuro Rei Eduardo VII) mandou destruí-lo, tendo a Rainha ficado bastante aborrecida com tal decisão, deixando-lhe de falar durante várias meses e não descansou enquanto não reconstruíram o tal pavilhão. Uma das últimas conquistas da viúva Vitória foi o seu confidente e íntimo amigo Benjamin Disraeli, visita assídua ao palácio real, que a lisonjeava e consolava, deixando-a encantada com a proposta de ser homenageada com o título honorífico de Imperatriz das Índias. Mas desta proeminente rainha inglesa fica o amor e dedicação (mútua) do seu marido, que lhe escolhia os chapéus e que gostava de lhe calçar as meias, como ela deixou registado no seu "Diário".

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