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quinta-feira, 6 de maio de 2010

A 7 de Maio de 1857, nasceu Fialho de Almeida


José Valentim Fialho de Almeida (1857-1911), filho de um mestre-escola, nasceu em Vila de Frades,  Alentejoa 7 de Maio de 1857 e morreu na vila de Cuba (Baixo Alentejo), a 4 de Março de 1911. Filho de Valentim Pereira de Almeida (natural da Vila de Oleiros - Beira), e de Maria da Conceição Fialho (natural de Vila de Frades). Seu pai, mestre de escola ensinou-lhe as primeiras letras, isto é, até à 4ª classe. Foi um tempo difícil porque filho de professor tinha obrigação de ser superior aos outros, não podia ser criança como as outras.
Em 1866, com 9 anos, foi para Lisboa, para o Colégio Europeu fazer os estudos elementares, que seguiu regularmente até 1872. Deste período escreve: "Fui bom estudante sempre, e uma criaturinha triste e sossegada - duas razões que, acumuladas com a de meu pai nunca vir da província, visitar-me, e de por sua pobreza não poder mandar presentes bons ao director, mevaleram cinco anos de privações e de maus tratos, e uma resistência aparentemente submissa e tímida de orgulho, que pela vida fora tem sido a minha bela independência e a minha força" (in À Esquina).
Devido a dificuldades econômicas da família, empregou-se em 1872 como ajudante de farmáciatornando-se estudante trabalhador mas com menos facilidades do que hoje. Frequenta a Escola Politécnica e, depois, matricula-se na Escola Médico-Cirúrgica, onde, em 1885, acaba o curso de medicina. Praticamente não exerceu como médico. Fez um curso medíocre por que outros valores mais altos se levantavam - tendo-se entregue à vida boêmia e literária. Lança-se literariamente com seus contos e crónicas, primeiro nos jornais provincianos, depois nos de Lisboa.
Funda em 1880 a revista A Crónica, publicando vários artigos com o pseudônimo de Valentim Demônio. Colabora em vários jornais e revistas, destacando-se o jornal NovidadesO RepórterPontos nos IICorreio da Manhã, etc. Publica o primeiro conto em 1881, dedicando-o a Camilo castelo Branco. As suas obras podem ser divididas em duas partes: Polêmicas e de Ficção.
Deixou-nos uma obra formidável, mas tocada pelo excesso, pela ira, pela tensão, pelo colérico. Utilizou a língua para chacota, para se rir de tudo. Um dos motivos pode ser determinado pelos recalcamentos educacionais, mas outro, não menos importante, foi o meio em que viveu: "a Babilónia perversa que é Lisboa onde os cães fazem a vida negra aos gatos"
Em 1893, casa-se com uma abastada proprietária de Cuba, ainda sua parente, mas enviuvou onze meses depois, vivendo os últimos anos da sua vida com o desafogo material que sempre lhe faltara.
As suas principais obras, como crítico de arte e de costumes, são "Os Gatos" e como exímio contista, "Os Contos", "A cidade do Vício", "O País das Uvas".
Escreveu também uma grande série de crónicas e impressões e
 comentários diversos, que se distribuem por vários volumes: "Jornal de um vagabundo" - "Pas quina das", 1890; "Vida irónica", 1892; "À esquina", 1903; "Barbear, pentear", 1910.
Após a sua morte, ocorrida em 1911, foram editados os títulos: "Saibam quantos..." - Cartas e artigos políticos -, 1912; "Estâncias de arte e de saudade", 1921; "Figuras de destaque", 1924; "Actores e autores" - impressões de teatro -, 1925.
Os seus contos procuram apreender o lado mais impressionante da miséria ou do sofrimento, e o assunto, muitas vezes, são casos mórbidos. As inúmeras crónicas que escreveu são muitíssimo irregulares quanto ao mérito. Não podem, de forma alguma, ser comparadas com "As farpas", de Ramalho Ortigão.
Embora a sua escrita se paute pelo mordaz, ele era muito sensível à ternura: deixava-se embalar por sentimentos que se reflectem na sua obra, que é de uma beleza extraordinária. Tinha um conhecimento profundo da nossa língua; por isso, a enriqueceu grandemente, introduzindo-lhe novos e arrojados meios de construção, neologismos e nacionalização de termos expressivos.
A memória de Fialho de Almeida perdura na vila de Cuba

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