Previsão do Tempo

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A bancarrota portuguesa de 7 de Maio de 2010

A bancarrota portuguesa de 7 de Maio de 2010, o regime de protectorado e o sofrimento do povo
Como afirmei no domingo, o Estado português entrou em bancarrota na sexta-feira, 7 de Maio de 2010 e tornou-se, na prática, num protectorado da União Europeia e do FMIBancarrota é a incapacidade manifesta junto da União Europeia (e do FMI) de cumprir o pagamento da dívida, se não beneficiar da caridade deles com empréstimos de favor. Pode Sócrates dizer que o Governo português não pediu formalmente ajuda, mas isso é apenas uma falácia em que ninguém acredita, e que é desmentida pela aceitação dessa ajuda e a submissão do Estado à tutela financeira e económica dos países directores da União Europeia e a execução do FMI.
A União Europeia, e os países da Zona Euro decidiram, na madrugada de segunda-feira, 10-5-2010, duas medidas: criar umfundo de resgate financeiro, no valor de 750 mil milhões de euros, também com o contributo do FMI, para solver a dívida imediata de Portugal e Espanha e a que possam recorrer, se necessário, outros Estados que tenham dificuldades; e comprar, através do Banco Central Europeu e de outros bancos centrais, como o alemão e o francês, e ainda EUA e Japão, os títulos de dívida soberana dos países mais endividados, Grécia, Portugal e Espanha, para diminuir a sua taxa de juro. As taxas de juro a dez anos desceram, com relevo, segundo os dados das 13:25 de 11-5-2010, para a da Grécia (7,59%) e de Portugal (4,73%), com as compras maciças de títulos pelos bancos centrais, absorvendo os títulos dos credores em pânico e atemorizando os shorters. E as bolsas mediterrânicas subiram num crescimento exponencial nunca visto, menor em Londres e Frankfurt.
A contrapartida exigida pelos Estados directores da União Europeia é a tutela sobre a política orçamental do Estado português, e a sua influência directa na política de rendimentos e preços. Submissão financeira e económica do País ao estrangeiro durante uma década? Os próximos orçamentos portugueses serão visados pela União Europeia (UE) e pelo FMI, a receita e a despesa monitorizada in loco e as autorizações de despesa também visadas pelo tandem UE/FMI. Um Estado na bancarrota não tem soberania financeira, nem económicaA resposta de Sócrates/Teixeira dos Santos - porque entendo que o ministro das Finanças tem sido cúmplice do desastre nacional e terá também de ser responsabilizado por isso - foi comprometer-se, no sábado, 9-5-2010, reduzir o défice de 2010 em mais 1%, para 7,3%, e, já na madrugada de segunda-feira, 10-5-2010, baixar adicionalmente o défice de 2011 em mais 1,5%, para 5,1%. Para isso contribuíu a pressão de Sarkozy - que não tinha recebido Sócrates, na quinta-feira, 6-5-2010, em Paris... -, a mediação de Berlusconi e as invectivas dos holandeses e de Angela Merkel, quedestacou, ontem, publicamente, Portugal e Espanha como os causadores dos problemas do euro e disse que estes Estados iriram ser «observados e vigiados» na redução da despesa pública.
As consequências para os portugueses, além da mágoa patriótica que sentimos, de ver alienada a soberania financeira e económica por causa da irresponsabilidade socratina, é o aumento dos impostos, a redução de salários, pensões e subsídios, a qual coincide com a construção do TGV do Poceirão (1.494 milhões de euros) e da variante do Troviscal e outras obras, na zona do Pinhal Interior, urgentíssimas e decisivas para o futuro do País no valor de 1.244 milhões de euros)... O único resultado positivo desta torrente de desgraças, é que o primeiro-ministro Sócrates atinge a sua base eleitoral de funcionários públicos não-professores, pensionistas (mais e menos dourados) e subsidio-dependentes (mais e menos), reduzindo o seu eleitorado aos socialistas muito ferrenhos.

Mas a solução é temporária, pois apesar de possuíram «máquinas de impressão» de dinheiro (agora, moeda escritural emitida através de dívida), aumenta-se o endividamento global, a massa monetária e o perigo de uma espiral inflacionista. Como disse o analista David Roche, ontem, 10-5-2010, no Financial Times: «
 a solução para uma ressaca não é mais álcool». A solução é a redução da despesa. Em consequência, o euro continua a sua marcha descendente (1,269 dólares, às 13 horas de 11-5-2010).

Portanto, se a decisão europeia deste fim de semana alivia os particulares e as empresas no recurso ao crédito, ao mesmo tempo que os vai castigar com redução do bem-estar, o problema do Estado mantém-se e só pode ser resolvido com a redução da despesa estatal e o aumento da competitividade.


Actualização: este post foi emendado às 15:20 de 11-5-2010.

Sem comentários:

Enviar um comentário