Previsão do Tempo

quinta-feira, 13 de maio de 2010

NOVO SAQUE À VISTA!



NOVO SAQUE À VISTA!




O ABISMO ESPERA-NOS SE...

Dificilmente se vivem tempos como os actuais. Tanto pela experiência de vida como pela história podem viver-se ou conhecer-se épocas marcantes, qualquer que seja o critério adoptado. Períodos de euforia, de luta, de esperança, de desânimo, de guerra, enfim, os mais variados acontecimentos que o género humano e a natureza são capazes de proporcionar.
Mas dificilmente se terá vivido, considerando o nível de desenvolvimento moral e civilizacional já atingido pela humanidade, um período em que se assista a um saque tão escandaloso do património da maior parte da sociedade por um punhado de especuladores que, dominando o capital financeiro, transformaram a generalidade dos governos em verdadeiros lacaios dos seus interesses, incapazes de um gesto de independência relativamente a esse domínio.
Enquanto os mercados de capitais não forem atacados com a mesma eficácia e com a mesma convicção com que se ataca um bando de ladrões não voltará a haver tranquilidade no mundo. Cada um tem de fazer a sua parte, tendo sempre presente que não pode contar com os governos nem com qualquer apoio institucional para travar este combate.
Mas como isto não vai lá com palavras, têm de ser os povos à medida que vão sendo atingidos pelo saque e vão ganhando consciência da magnitude do que está em jogo a travar essa luta com todos os meios que tiverem à mão sem outra preocupação que não seja a de obter um resultado: derrotar o capital financeiro!
Para que se faça uma ideia: nos últimos anos, a economia mundial cresceu à volta de 4%; o comércio mundial 4,5%; e o movimento de capitais 60%! Como é possível conviver com um sector financeiro que em algumas décadas cresceu várias vezes mais do que a economia real?
É neste contexto que se inserem as novas medidas acordadas em Bruxelas para Portugal e outros países. Através dessas medidas não se trata, como a experiência já demonstrou, de fazer conjunturalmente sacrifícios para garantir a médio prazo o crescimento da economia, o desenvolvimento económico, o fomento do emprego, enfim, aqueles objectivos que justificariam um sacrifício presente para alcançar uma vantagem futura.
Nada disso. O resultado destes sacrifícios é estagnação económica, mais desemprego, menores salários, mais encargos. E quem ganha com isso? Antes de mais vão ganhar todos aqueles que tiverem de pagar menores salários, aqueles para os quais forem transferidos os bens públicos rentáveis e, obviamente, o capital financeiro que, continuando a fazer empréstimos a preços especulativos, duplicará, triplicará, facilmente os lucros e terá por aquela via garantida o reembolso da dívida…que não cessará de crescer.
Por outro lado, a Europa no seu conjunto enfrenta um problema de competitividade tal como o mundo é entendido. E se neste contexto há questões a curto, médio prazo, incontornáveis, como a questão demográfica, outras há que somente são questões porque o capital organizou a vida das pessoas e das sociedades de tal modo que transforma num problema de competitividade aquilo que à partida não o era. Referimo-nos fundamentalmente aos movimentos de capitais, à actividade financeira no seu conjunto, mas também aos produtos agrícolas, pecuários e manufacturados oriundos de países terceiros, nomeadamente emergentes.
Em primeiro lugar, a dificuldade em atacar estas questões resulta de estarmos a lidar com um grande espaço económico livre que não está sujeito a uma direcção política única. Contrariamente ao que se passa com outro grande mercado – o dos Estados Unidos – onde se podem tomar medidas de natureza política uniformes a partir de um único centro de decisão, na Europa isso não acontece: não há qualquer governo uniforme da economia. O único governo que existe é a ausência de governo.
Enquanto as coisas continuarem assim os países europeus, uns mais do que outros, mas todos em geral, vão continuar a agravar os desequilíbrios nas suas balanças de pagamentos e comerciais de nada valendo o chamado equilíbrio orçamental que, sendo feito nos moldes preconizados por Bruxelas, ainda contribuirá para agravar mais aquele desequilíbrio. Alguns podem momentaneamente mascarar esses desequilíbrios à custa da criação de desequilíbrios dentro da própria União, como em certa medida se está a passar com a Alemanha, mas isso não resolve o problema, como a crise dos países do sul amplamente ilustra, já que por essa via se mantém o desequilíbrio estrutural do conjunto apenas o transferindo geograficamente de um país para outros
Em conclusão, as medidas anunciadas ou a anunciar pelo Governo apenas servem para consolidar o saque acima referido sem que entre elas e o chamado interesse geral haja qualquer coincidência. Não é que este governo seja particularmente perverso, ou que outro do mesmo quadrante sistémico possa fazer diferente, o que se passa é que este é o lacaio de turno.
Por outro lado, tais medidas e tudo o que lhes está associado demonstram que o voto popular perdeu sentido e de nada vale perante os poderes da finança, como de resto o ministro Santos Silva com a sua conhecida falta de talento e de vergonha já se encarregou de confirmar.
Só que esta conclusão engendra outra. Se de facto o voto nada vale, porque o seu sentido pode ser mudado por via de um poder que o condiciona e desvaloriza, então este problema não pode ser resolvido através do voto. Tem que ser resolvido por outra via!

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