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terça-feira, 16 de novembro de 2010

A 17 de Novembro de 1717, tem Início a construção do Convento de Mafra

PALÁCIO NACIONAL DE MAFRA



Mandado construir na centúria de setecentos pelo Rei D. João V, em cumprimento de um voto para obter sucessão do seu casamento com D. Maria Ana de Áustria, o Real Paço de Mafra é o mais importante monumento do barroco em Portugal.

O conjunto arquitectónico desenvolve-se simetricamente a partir de um eixo central, a Basílica, ponto central de uma longa fachada ladeada por dois torreões e tendo na zona posterior um convento para a Ordem de S. Francisco da Província da Arrábida, que foi também ocupado, entre 1771 e 1791, pelos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.

Construído em pedra lioz da região de Pero Pinheiro e Sintra, o edifício ocupa uma área de 37.790 m2, compreendendo 1200 divisões, mais de 4700 portas e janelas, 156 escadarias e 29 pátios e saguões. Sendo a maior “fábrica” do tempo, aqui trabalharam operários vindos de todo o reino, chegando a atingir cerca de 50.000 num mesmo ano. Tal magnificência só foi possível devido ao ouro do Brasil, que permitiu ao monarca pôr em prática uma política mecenática e de reforço da autoridade régia.

A direcção desta Real Obra foi entregue a João Frederico Ludovice, ourives alemão, com conhecimentos de arquitectura adquiridos em Itália. O modelo adoptado inspira-se na Roma Papal, um barroco classicizante, influenciado por Bernini e com  torres de cariz borrominiano, sem esquecer algumas influências germânicas.

A 17 de Novembro de 1717, lançou D. João V a primeira pedra, abençoada pelo Patriarca de Lisboa Ocidental perante toda a Corte e, no domingo 22 de Outubro de 1730, data do 41º aniversário do Rei, realizou-se a sagração da Basílica.
Para os altares da Real Basílica, para as diversas capelas e áreas conventuais, como a portaria e o refeitório, D. João V encomendou uma colecção de pintura religiosa que se conta entre as mais significativas do séc. XVIII. Avultam, neste assinalável conjunto, obras dos pintores italianos Masucci, Giaquinto, Trevisani ou Battoni e de portugueses bolseiros em Roma como Vieira Lusitano e Inácio de Oliveira Bernardes.

A colecção de escultura compreende toda a estatuária da Basílica, encomenda joanina a grandes mestres italianos, entre os quais se contam Lironi, Monaldi, Bracci, Maini, Corsini, Rusconi e Ludovisi., constituindo a mais significativa colecção de escultura barroca italiana fora de Itália, a qual inclui ainda os seus estudos em terracota, bem como a produção da Escola de Escultura de Mafra, aqui criada no reinado de D. José I sob a direcção do mestre italiano Alessandro Giusti, e por onde passaram importantes escultores  como Machado de Castro.

Possui ainda uma importante colecção de paramentos de encomenda real em Itália (e em França. São obras de grande qualidade de execução, distinguindo-se das suas contemporâneas por serem bordadas com a técnica do ouro, mas utilizando apenas o fio de seda cor de ouro, por serem destinados a um convento franciscano, com um severo voto de pobreza.
Na Flandres, encomendou ainda dois carrilhões com  92 sinos, que constituem o maior conjunto histórico do mundo.

Este monumento possui uma das mais importantes bibliotecas portuguesas com cerca de 40.000 obras, verdadeira síntese do saber enciclopédico do século XVIII.
Visitado frequentemente pela Família Real, que aqui vinha celebrar algumas festas religiosas ou caçar na Tapada, este Palácio foi um dos Paços preferidos de D. João VI, que aqui passou longas temporadas,  vivendo inclusivé em Mafra todo o ano de 1807, antes da partida da Corte para Brasil em consequência das Invasões Francesas.

Com este monarca teve início um programa decorativo de que são exemplo as  pinturas murais de algumas salas,  da autoria de artistas como Cyrillo Wolkmar Machado, Domingos Sequeira, Bernardo Oliveira Góis e Vieira Lusitano. Também neste período, foram encomendados a Joaquim Peres de Fontanes e António Xavier Machado Cerveira seis novos órgãos para a Basílica em substituição dos aqui já existentes, e que constituem conjunto único em todo o mundo.
Foi neste Palácio que o último rei de Portugal, D. Manuel II, partiu para o exílio, a 5 de Outubro de 1910, depois de proclamada a República.

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