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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Thomas Ender, nasceu a 3 de Novembro de 1793


ENDER, Thomas (1793-1875). Nascido e falecido em Viena (Áustria). Filho de um belchior, tinha 12 anos quando se matriculou na Academia de Belas Artes, onde foi aluno de Maurer, Steifel e Mösme. Custeava seus estudos tocando violino, à noite, no café Zum Renhuhn, de Viena.
     Especializou-se na pintura de paisagens, tendo sentido a influência dos antigos paisagistas austríacos, como Schütz e Ziegler. Em 1817 recebeu o primeiro prêmio de paisagem da Academia, datando desse momento a proteção que lhe concedeu o todo-poderoso Metternich. Graças a esse protetor, no mesmo ano embarcou a bordo do Áustria com destino ao Brasil, na comitiva da Arquiduquesa Leopoldina, filha do Imperador Francisco I e futura Imperatriz do Brasil.
     Foram seus colegas, na expedição, os pintores Franz Frühbeck e Johann Buchberger, e os cientistas Spix e Von Martius.
     A 14 de julho de 1817, com 23 anos, Ender chega ao Rio de Janeiro. Nos próximos dez meses retratou incansavelmente a paisagem, os tipos e os costumes do país, chegando a produzir cerca de 800 desenhos e aquarelas.
     A 1º de junho de 1818 retornou à Europa, onde deu prosseguimento à sua carreira. Assim, como pensionista da Academia viveu quatro anos na Itália, entre 1819 e 1822; em seguida, executou para Metternich uma série de doze vistas de Viena, e em 1826 passou quatro meses em Paris, ligando-se aos principais pintores da época na cidade.
     Voltando a Viena, tornou-se pintor privativo do Arquiduque Johann, irmão do Imperador Francisco I, executando para seu patrão as cerca de 800 cenas da Áustria em aquarelas. De 1836 a 1851 lecionou na Academia, falecendo aos 82 anos, rico e altamente considerado por seu compatriotas.
     Thomas Ender cultivou a pintura a óleo e a aquarela, destacando-se principalmente nessa última técnica. Como paisagista, trabalhou não apenas em sua terra natal e no Brasil, mas também na Turquia, na Grécia e em outras regiões.
      Obviamente, a parte de sua produção que nos importa de perto é aquela feita no Brasil, no Rio de Janeiro e São Paulo e nas imediações de ambas as cidades. São desenhos e aquarelas de extrema sensibilidade, vazados num traço elegante e ágil e manchados com extraordinária habilidade e leveza; feitas de um jato, guardam, tais aquarelas, toda a emoção da primeira impressão sentida ante o motivo pelo artista. Nelas, Ender se revela um dos maiores pintores que estiveram no Brasil em princípios do Séc. XIX, e dos mais notáveis artistas austríacos de sua época.
     A crônica da redescoberta do trabalho de Ender é curiosa e merece ser contada. As mais de 800 obras por ele produzidas no Brasil foram, como os demais materiais artísticos e científicos trazidos pela expedição de Spix e Von Martius, encaminhados pelo Imperador Francisco I ao Museu Brasileiro de Viena, criado por Von Schreibers e que se compunha de nada menos de 23 salas repletas de curiosidades.
     Com a morte do Imperador, o Museu foi fechado (1836), e os desenhos e aquarelas sumiram de circulação, menos aqueles que tinham sido reproduzidos em gravuras por Axman e Passini. Em 1950 o novo diretor do Gabinete Calcográfico da Academia de Belas Artes de Viena, Siegfried Freiberg, localizou as aquarelas brasileiras de Ender, organizando com elas uma exposição que teve boa repercussão no Brasil, tendo sido reapresentadas em São Paulo, por ocasião do IV Centenário da cidade, em 1954.
     Em 1997 o Museu da Cidade, o Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e o Museu de Artes Assis Chateaubriand, em São Paulo, dedicaram importantes exposições a Ender.

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