Previsão do Tempo

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Fernando Tordo - A carta de longe



Carta de Longe (JC Ary dos Santos / FTordo)

"Eu hoje morri tão longe
Mas ontem estava tão perto:
Um homem quando não foge
Parece quase um deserto,
Que estando longe está perto
Daquilo que vem mais cedo.

A morte não temo, não tremo de medo
Que venha o silêncio, que venha o degredo
Não serei cativo, não direi segredo
Vivo!

Eu vivo da seiva, eu vivo da força
Que trago escondida ou ternura ou corça
De tão perseguida condenada à forca
Morrida!

Morrida mas nunca morta
Triste mas não vencida.
A morte não bate à porta
De quem morreu pela vida.

Eu trago no peito a rosa vermelha
Da nossa carícia da minha centelha
A pétala de ontem a música de hoje
Perfeita!

Perfeita mas sempre igual
Rosa de um tédio total

Invento a ternura renego a desgraça
Eu sou o instante que o tempo ultrapassa
Eu sou o mirante do largo da Graça
Mas desde a infância tão longe da raça
Que já me esqueci dos gritos da praça
E vejo a saudade por uma vidraça
Que põe a cidade vestida de caça!

Que põe a cidade vestida de caça!"

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